terça-feira, 11 de outubro de 2011

Para diferentes públicos...

Estive recentemente em dois shows, com propostas completamente diferentes, que me mostraram uma diferença grande de comportamento do público atual.  Já faz alguns anos que vou sozinho a shows com grande freqüência.  Muitos amigos defendem que preferem ver de casa, esperar sair o DVD / Blu-Ray ou acessar o vídeo no “You Tube” postado por alguém que tenha ido.  Acredito que nada substitui a sensação de sair de casa, estar lá, vibrar com as músicas favoritas ou se surpreender com músicas novas, desconhecidas e covers.

Mas, voltando aos shows que eu mencionei... No primeiro semestre assisti ao mega-espetáculo apresentado pelo U2 com seu palco ultramoderno agindo como um quinto integrante da banda, e carregando boa parte da apresentação.  Esse tipo de apresentação tem seu valor e foi algo inesquecível, mas tudo é ensaiado, planejado e medido exaustivamente.  Além disso, apesar de não ser uma banda “nova”, renovou seu público e boa parte dos presentes era jovem demais para lembrar-se de um U2 mais espontâneo e mais “Rock”.  Como explicar então pagar mil reais para sentar “dentro do palco”.  Ver pontes se estenderem sobre suas cabeças com os músicos passando, literalmente a poucos metros das pessoas e essas pessoas assistirem todo o show pelos visores da câmera, como pode ser percebido por quem estava mais longe.  Qual o objetivo?  Existe um Blu-Ray, gravado com dezenas de câmeras c/ qualidade cristalina da mesma turnê.  O que será que alguém que fez isso responde na manhã seguinte quando os amigos perguntam como foi o show?  Ainda não vi a gravação?

Muito menos pretensioso, e tento não dizer isso de uma maneira pejorativa, a banda Os Mulheres Negras se reuniu, como fazem esporadicamente, para uma apresentação no SESC SJC (sempre eles, bom trabalho!!!).  Foram disponibilizados 800 ingressos, e vendidos talvez metade, a preços módicos. 
Essa é uma banda que marcou uma geração.  Pato Fu é freqüentemente colocado como inspirado nos Mutantes, mas vejo muito do “Mulheres” neles.  Música experimental, corajosa, baseada fortemente na eletrônica e samplers sem comprometer a qualidade / criatividade.  Não é mais possível encontrar nem os CDs deles (valia o relançamento, não valia Warner?), muito menos um DVD com o show.  E olha que esse DVD venderia bem. Eis que os dois músicos entram no palco. Banda boa de palco, Maurício contando histórias enquanto André grava bases na hora, na frente do público.  Uma foto espocava, lá na frente outra, mas poucas e discretas.  Os melhores registros desse show foram tirados pelo próprio Abujamra e postados em seu Twitter via instagram em tempo real(outras postadas pós show, de onde tirei a imagem que ilustra esse post).  Alguns se arriscam a filmar sua participação no Rotoscópio (apesar dos “riscos” inerentes alertados pelo Maurício).  Mas foi isso; um show para habitar a memória dos que foram e não algum link perdido do You Tube...
Cada um que queime seu dinheiro como quiser e assista ao show como desejar.  Alguns que pagaram R$1K no U2 nem gostam tanto assim da banda, mas tinham que estar presentes no “evento”.  Ainda prefiro acordar de manhã e saber o que dizer quando me perguntam como foi o show.  Alguns dos meus amigos preferem entrar no You Tube 3 dias depois e procurar o que postaram.

Em qualquer desses shows presto atenção em técnicas, decisões para o setlist e lembro-me da época em que eu tocava em uma banda com os amigos.  Isso que aprendo e as lembranças que eu trago são versos fundamentais dessa vida instrumental...

PS: Escolhi esses dois, mas poderiam ter sido McCartney e Joe Lally (Fugazi) que tocou em São José semana passada para, acho, 40 pessoas aproximadamente e arrebentou!!!

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